quinta-feira, 15 de julho de 2010

Agosto Mês das Festas e dos Emigrantes da Aldeia.

Sendo esta uma aldeia já antiga, naturalmente foi acumulando algumas tradições.
Algumas delas já se perderam, outras resistem ainda, mas caminham a passos largos para a sua extinção, devido ao número reduzido de habitantes que a aldeia tem nos dias de hoje.

Os Nossos Emigrantes.

- Mês de Agosto. Pelas fronteiras, os nossos emigrantes traziam a saudade na sua bagagem. Saudade da sua terra, saudade das suas gentes, saudade das suas festas. Percorriam milhares de km para voltarem à terra que os viu nascer, a sua homenagem aos entes perdidos, o abraçar ao seus velhos pais, correr as ruas da sua infância. Cheirar os pinhais, ver correr a água cristalina, ouvir o som do gado, o bater dos seus cascos no empedrado da sua aldeia. Ver a casa dos seus sonhos, contrastando com as construções antigas de pedra sobre pedra, com uma lareira a um canto onde se colocava a lenha partida. A carne no fumeiro, os chouriços, os presuntos pendurados na trave da velha casa. Já não há cheiros como os da nossa infância.


- Os emigrantes faziam um “vistaço” junto da vizinhança, sabem os deuses quantas canseiras, quantos sacrifícios, quantas horas de labuta, mas ali está ele para justificar o abandono da terra que o viu nascer, pois aqui os dias são duros, o dinheiro curto e sonhos não concretizados.

- Ontem deram o salto com ou sem mala de cartão para terras de França. Depois outros países os receberam. Hoje, nesses países, deixaram descendência. Os filhos que só vêm à terra dos seus pais porque eles os trazem até que um dia ficam por lá pois esta terra já não é a sua.

As Festas na Aldeia.

- Todos os anos os nossos emigrantes regressam e, a sua terra, a sua aldeia está pronta para os receber. Neste mês de Agosto as festas eram uma constante, para alegria do povo que recebia de braços abertos os filhos pródigos, e assim, ali no largo, perto do chafariz, a música puxava para dar um pé de dança e é vê-los bailar a música que o povo gosta.

- A procissão saía, e as pessoas de braços abertos pedem aos céus que no próximo ano estes filhos da terra voltassem de novo e de novo volte a haver... Festa na Aldeia.

- Era tradição dos habitantes da aldeia, no mês de Agosto fazerem uma festa bianual em honra de Santo Aleixo, padroeiro da aldeia, a mesma durava 3 dias (Sábado, Domingo e Segunda-feira).

- Normalmente no primeiro dia (Sábado), o dia era passado nos acabamentos dos preparativos, à noite havia a missa e de seguida saía a procissão das velas com o andor de nossa senhora de Fátima, que percorria parte das ruas da aldeia. Por fim começava o baile que durava até de madrugada e que animava as gentes da aldeia.

- No Domingo o dia começava bem cedo para os habitantes. Logo pela manhã havia a alvorada (lançamento de fogo pirotécnico), a chegada da banda filarmónica, corriam as ruas da aldeia sempre a tocar. Por volta da uma da tarde realizava-se a missa solene em honra de Santo Aleixo, terminada a missa era hora de nomear os novos mordomos, para a festa seguinte, que se realizaria dali a dois anos. Depois disto começava a procissão com todos os santos existentes na aldeia, sempre acompanhada pela música da banda filarmónica e de quando em vez com fogo pirotécnico, sendo que desta vez, a procissão tinha um circuito mais longo pelas ruas da aldeia que era de 1km de extensão. Terminada a procissão e recolhidos os andores dos santos era hora do almoço e a festa continuava com uma grande descarga de fogo que durava quase 40 minutos.

- Durante a tarde realizavam-se vários jogos tradicionais, como por exemplo; jogo da malha, jogo do galo entre outros. A festa continuava com a banda filarmónica, ranchos folclóricos e, ao final da tarde, começava o baile que durava pela noite dentro.

- Na Segunda-feira, o dia já era mais calmo pois neste dia a festa era mais para as gentes da aldeia. O dia começava com vários jogos tradicionais desde atletismo, corrida do saco, jogo da malha, jogo da sueca, entre outros. Os mesmos realizavam-se pela tarde fora. Ao meio da tarde começava o baile e nesse dia a comissão de festas oferecia às suas gentes o jantar, normalmente era uma sardinhada e um caldo verde. Este servia como meio de agradecimento por parte dos mordomos da festa, às suas gentes que ajudavam a comissão a realizarem as festas de dois em dois anos. Pois sem a ajuda de todos, ela não tinha pernas para andar. E a festa continuava pela noite dentro com o baile e a distribuição dos prémios pelos participantes nos jogos tradicionais.

- A última festa a ser realizada na aldeia foi no ano de 2000.



- As fotos abaixo são de uma das festas realizada à mais de 20 anos na Aldeia.









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