Engenhos milenares utilizados para elevar a água e conduzi-la ao campo, as noras, as cegonhas e os açudes suportavam técnicas primitivas de irrigação que fazem parte da história da agricultura desta nossa aldeia. Engenhos de água, espalhados pela região, que hoje se encontram em desuso ou que o progresso obrigou a adaptarem-se a sistemas mecânicos ou eléctricos de bombagem.
Introduzidas pelos árabes, as noras de tirar água são instrumentos fixos e circulares usados para captar a água do subsolo para, posteriormente, ela ser utilizada nas culturas de regadio. Compostas por uma roda que faz mover a corda, ou cadeia metálica, a que estão presos alcatruzes – baldes que transportam a água - as noras mouriscas conduziam a água às partes mais elevadas dos terrenos cultivados. Estas eram accionadas por mulas, burros, machos ou vacas de trabalho que se deslocavam de olhos vendados num movimento circular à volta do engenho.
Outro método usado para irrigar o campo, nomeadamente as pequenas culturas, é o do picanço, uma técnica executada directamente pelo homem que permitia tirar água com relativa facilidade dos poços e ribeiros, baixando e levantando um balde preso no extremo de uma vara. Os açudes, muros de pedra construídos na ribeira ou levadas, serviam para reter, elevar e desviar a água destinada à rega.
Heranças árabes que contribuíram para a evolução da cultura de regadio um pouco por toda a parte.
O Picanço
O picanço é um aparelho rudimentar, de elevar água dum poço para a superfície, normalmente com fins de irrigação das plantações vizinhas.
Conhecida já no tempo dos antigos egípcios (chaduf) foi até muito recentemente, usada de norte a sul do país. Mas não só em Portugal, também em Espanha, França, Grécia, e até no Japão.
Na nossa região era conhecida essencialmente por picanço. Mas tinha outros nomes: Cegonha, balança, burra, picota, saragonha, varola, zabumba, zangarela, bimbarra, variando de região para região.
Tal como o pé-de-cabra ou a tesoura, o picanço é uma alavanca inter fixa. Neste caso que permite diminuir o peso do balde cheio de água, que se puxa do fundo do poço.
Constituída por um poste vertical enterrado no chão que é encimado por uma forquilha, onde se coloca a vara, fixada no eixo. Esta vara numa extremidade tem o contrapeso, também este aí fixado, constituído por pedras. No outro extremo tem outra vara, pendurada na vertical, fina e comprida, possível de ser segura entre as mãos. Esta por sua vez tem na ponta inferior uma argola onde se pendura o balde.
O contrapeso deve ser tal, que não seja muito custoso levantá-lo, quando se desce o balde vazio, até ao fundo do poço, mas que na situação inversa, seja suficiente para de facto ajudar a retirar o balde cheio de água do poço até à superfície.
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