quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lavadouros Públicos. Coisas do Passado do Presente. E serão do Futuro!!!!

Na aldeia existe 3 lavadouros públicos (o do largo da casa do povo, o da casa nova e o da batoca) estes dois últimos estão desactivados. Lavadouros estes onde as mulheres iam e ainda vão lavar as roupas a seu encargo com a regularidade exigida. Ora, porque a língua não tem osso, e porque a conversa é coisa própria de quem tem fala, não havia sítio melhor para se trocarem dois dedos da mesma. Assunto havia sempre, e caso não o houvesse, inventava-se que a invenção é algo bem humano.

Era pois então no lavadouro público que tudo se lavava e onde tudo se expunha, pois é bem sabido que o quotidiano de cada um, está bem espelhado nos atavios que tira do corpo em hora de muda. Nada havia que escapasse aos olhos alheios e coscuvilheiros das lavadeiras, que nos entrementes das voltas das roupas, se entretinham a passar em revista a vida dos outros. A par dos trapos que se lavavam, quantas vezes se não conspurcavam as imagens de conterrâneos e afins.

Pelo lavadouro e pelas bocas das lavadeiras, tudo passava num entretém ora perigoso, ora inócuo. Era lá também que se tiravam desforras e se pediam meças, em verdadeiras batalhas verbais quase sempre de nível rasteiro e pouco dignificante quer para quem directamente participava, quer para quem ouvia. Ali tudo se sabia, e não havia segredo mais duradoiro que uns breves instantes. Era como se o próprio vento se encarregasse de espalhar as novidades, principalmente as de teor negativo e maledicente. O bom povo no seu pior, tinha ali a mais fiel expressão.


Um tanque da aldeia sem água diz tudo. Diz que faltam mulheres para lavar nele, diz que faltam crianças a quem é preciso tratar da roupa. Mas nem só a água falta no tanque, também falta gente na rua e vida na aldeia, que sempre foi pequena, mas que agora sem gente ainda o é mais.




Sem comentários:

Enviar um comentário