quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Evolução da Agricultura na Aldeia

Ao longo das últimas 2 décadas, fomos assistindo na aldeia a passos largos à evolução feita na agricultura a nível de maquinaria agrícola.

Lembro-me que há cerca de 20 anos a agricultura, na minha aldeia era feita com a ajuda de animais, vacas de trabalho, machos e burros, como ainda acontece hoje em dia, sendo ainda uma ajuda indispensável à agricultura. Vou-vos mostrar algumas diferenças de como era feita a agricultura antigamente e como é feita agora.

Quem não se lembra do chiar dos carros das vacas por esses caminhos do Fradoso dos Malhões da Rasa ou do Polo, carregados de estrume para as terras, ou de lenha para o Inverno, de pão para a laiga e de feno para os palheiros. Antigamente era este o principal meio de transporte de cargas pesadas ou não dos habitantes da aldeia.

Infelizmente (ou não) já não existe nenhum carro de vacas no activo há mais de 17 anos. Quando digo (Infelizmente ou não), digo isto porque esses tempos eram muito difíceis e trabalhosos para as pessoas e para os animais. Pois os caminhos eram muito ruins e um mero descuido e lá se virava a carga, já os animais eram por vezes muito mal tratados pelos seus donos com a famosa vara de aguilhão.

Quem também não se lembra do decruar das aradas com o arado de pau, ou de lavrar as terras fundas com a famosa charrua de ferro (Tramagal), gradear as terras com a grade de dentes ou de costas para as sementeiras.

No fim da Primavera era a ceifa do feno à gadanha, trabalho este que exigia do trabalhador muito jeito e esforço físico para puxar a gadanha durante dias, semanas ou até meses a fio. Era tradição de se beber a famosa gemada, para dar força e energia ao trabalhador. A gemada era e é feita de ovos crus batidos com vinho e açúcar. Depois da ceifa vinha o virar do feno para o mesmo secar bem dos dois lados, quando seco era emborregado e atado com os nagalhos húmidos feitos de palha de centeio do ano anterior, e por fim as fachas de feno eram carranjadas nos carros de vacas ou carroças de burros para o palheiro.

No Verão era tempo da ceifa do centeio, do trigo e da cevada, era também um trabalho muito árduo, todo ele feito debaixo de sol, desde o ceifar à ceifadeira ou à foice, colocar em gavelas, ao atar dos molhos com nagalhos feitos do mesmo centeio, da carranja nos carros de vacas até à laiga e colocar os molhos no rolheiro. Depois vinha o pior que era a malha do mesmo, que era feita com uma malhadeira puxada com um tractor. Para mim o pior deste trabalho era tirar a palha já malhada da malhadeira e carranjar a mesma para o palheiro.

Palheiro este que era feito por um homem (ou mais) experiente (s) neste ramo, tinha que ser muito bem feito e impermeável, para que a água das chuvas de Inverno não se entranhar no palheiro e apodrecer a palha do mesmo. Sendo este bem feito parecia uma obra de arte.

E era assim a agricultura feita antigamente com a ajuda dos animais domésticos. Naquele tempo era uma agricultura muito pouca mecanizada, sendo toda ela feita ao poder de braços com a ajuda dos animais. Eu ainda passei um pouco por tudo acima descrito, uma vez que o meu pai comprou o 1º tractor em 1988.



















Hoje em dia já está tudo mais mecanizado para bem do agricultor.
O primeiro tractor a vir para a Trajinha foi o do meu avô paterno José da Granja há cerca de 35 anos. Hoje existem 14 tractores com a média de 8 anos cada e dois moto-cultivadores. Tractores estes que vieram a facilitar a vida no dia a dia dos agricultores da aldeia.

Tudo o que se fazia antigamente com a força do homem e dos animais, hoje em dia tudo se faz com estas e outras máquinas. Desde o lavrar das terras, do carregos mais leves aos mais pesados, da ceifa do feno, hoje em dia este já não se ata como antigamente, mas sim enfardasse com uma enfardadeira puxada a um tractor, de onde saem fardos de feno ou palha, que substituíram os antigos molhos feitos à mão. Já o pouco centeio que se colhe na aldeia é ceifado com ceifeiras debulhadoras, que ceifão e malhão ao mesmo tempo. Vindo esta a substituir a antiga ceifa do pão à ceifadeira ou à mão, e a malha na laija.













1 comentário:

  1. lindo... E bom revivermos os tempos dos nossos entes do campo... Ainda n tinha visto a nova tecnologia na Trajinha. Ainda me recordo quando era pequena, uns 5/6 anos brincar entre os molhos de palha e cair entre eles... Bons tempos...
    Obrigado por manteres esses tempos vivos nas nossas lembrancas...
    Ana Paula

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