sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Escola primária de Trajinha


Recordar a 1ª escola das nossas vidas. No meu tempo éramos sensivelmente uns 15 alunos na maioria rapazes, todos da terra. A escola era mista e por isso os rapazes e as raparigas tinham aulas na mesma sala. Como havia apenas uma sala naquela escola, todas as classes eram dadas no mesmo espaço físico e pela mesma professora, que também era da aldeia, o número de crianças não variava muito de ano para ano.

- Em comparação com os tempos de hoje, eu acho que naquele tempo havia mais respeito entre os alunos e os professores.

- Nos intervalos das aulas fazíamos várias brincadeiras como por exemplo, jogar ao ferro, à macaca, às escondidas, à apanhada, jogar à bola, à cabra-cega e ao pião, brincávamos também com brinquedos que trazíamos de casa, cuidávamos do jardim que tínhamos em redor da escola e também fazíamos o cultivo de uma pequena horta feita por nós que existia na escola, aí cultivavam-se batatas, couves, cenouras, repolhos, alhos, etc.

Todos os anos fazíamos um piquenique no dia da criança com alunos da escola de uma freguesia vizinha Vila Franca do Deão. Esse piquenique era feito ao ar livre e em contacto com a natureza a meio do caminho das 2 escolas, as deslocações eram feitas a pé.

Fazíamos também no dia de São Martinho, um magusto. Nesse dia, deslocávamo-nos a um pinhal próximo da aldeia e cada um de nós levava algumas castanhas e bebidas. Ao chegar ao pinhal tínhamos que arranjar um monte de caruma dos pinheiros e inseríamos as castanhas no meio, à medida que ia ardendo era mexido com um pau, para as castanhas não ficarem queimadas, por fim, depois de termos comido, começava a brincadeira, sujávamos as mãos com a cinza da caruma e tentávamos passar na cara de uns e de outros até ficar com a mesma preta, nem a professora escapava à brincadeira.

Fui aluno nesta Escola Primária durante os quatro anos do antigo ensino primário e de facto é triste ver aquele edifício estar em condições degradantes. Sempre que vou à aldeia tenho necessidade de ir ver a antiga escola e sempre que o faço sinto uma imensa tristeza pelo abandono que a entidade que a tutela lhe delegou. Conheço algumas situações idênticas à da nossa aldeia, de escolas que encerraram e essas edilidades têm feito algo de forma a superar estas situações de abandono para com estas escolas que afinal têm a sua beleza arquitectónica e que deveria ser preservada, mesmo numa terra com pouca população. Pensem todos nestas realidades como a da nossa antiga escola, e que o poder político comece a encarar verdadeiramente estas realidades e que ouse intervir para que as populações sintam alegria e que a sua terra está a ser valorizada. Nós precisamos da Aldeia, não a abandonem. Para mim é uma terra linda, cheia de cheiros de infância que estão lá sempre presentes, foi lá que nasci e será sempre a minha terra, a minha mãe...

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