Cemitério da minha terra,
Paredes a branquejar;
Que bom será lá dormir
Um bom sonho sem sonhar!...
De manhã, muito cedinho
Dormir de leve, embalada
P´las canções das raparigas
Que gentis passam na estrada.
Cantem mais devagarinho,
Mais baixinho camponesas,
Que os vossos cantos pareçam
Tristes preces, doces rezas...
À noitinha, ao sol posto
Ouvindo as Ave-Marias!
Meu Deus, que suavidade!
Que paz de todos os dias!
Os murmúrios dos ciprestes
São doces canções aladas
Serenatas de paixão
Às almas enamoradas!
O luar imaculado
Em noites puras, serenas,
É um rio, que vai fazendo
Florir as açuçenas...
Canta triste o rouxinol
Beijam-se lindos uns goivos,
E no fundo duma campa
Dormem felizes uns noivos...
Dum túmulo a outro se fala:
"Porque morreste tão nova?
Porque tão cedo vieste
Dormir numa fria cova?"
"Eu era infeliz na terra,
Ninguém me compreendia,
Quando a minh ´alma chorava
Todos pensavam que eu ria..."
"E tu triste e tão linda
Com olhos de quem chorou?"
"Eu tive um amor na vida
Que por outra me deixou!"
"E tu?" "Sozinha no mundo
Nunca tive o que outros têm:
Pai, mãe ou um namorado...
Morri por não ter ninguém!..."
Uma diz: "Chorava um filho
Que é uma dor sem piedade",
Outra diz num vago enleio:
"Eu cá, morri de saudade!"
De todas as campas sai
Um choro que é um mistério
É então que os vivos sentem
As vozes do cemitério...
... Vão-se calando os soluços...
E as pobres mortas de dor
Vão dormindo, acalentando
Uns sonhos brancos d´amor...
Invejo estes doces sonhos
Neste terreno funéreo.
Ai quem me dera dormir
No meu lindo cemitério!
Florbela Espanca* (1894-1930)
Recordar a gente boa que fez parte da história da nossa Aldeia
A nossa vida é tão curta que a única coisa que vale a pena é a amizade, o reconhecimento, a solidariedade. Como dizia F. Pessoa, o Homem não passa de um simples “cadáver adiado que procria…”.
Recordar as pessoas que já faleceram é, quanto a mim, um dever moral de quem ainda cá anda.
As pessoas da nossa aldeia que já faleceram foram sendo esquecidas. E revivem apenas quando se fala nelas.
Mas que melhor forma de reviverem senão esta de as perpetuar pela sua imagem ou escrita? Se não fosse esta forma de sobreviver chamada imagem ou escrita, alguém sabia o que sabe de tantas pessoas da nossa história?
Camões ainda não “faleceu” porquê? Porque se escreveu sobre ele. E se guardaram os escritos.
Porque não vejo outra forma de “prolongarmos” a vida, que, insisto, é curta demais, mesmo que se vá até aos cem anos. Quanto mais, quando a morte nos leva no cume das nossas potencialidades…
Cemitério de Trajinha
Sr. Alfredo Nunes
Sr.Daniel
Sr. José Claudio
Srª. Francisca Clara
Sr. Ernesto
Srª Ana Pereira
Sr. Martinho
Cemitério de Vila Franca do Deão
Sr. Joaquim Rodrigues e Srª Maria Rodrigues
No passado as pessoas falecidas na aldeia eram levadas para o Cemitério da Freguesia (Vila Franca do Deão). Tendo sido construído à posterior o nosso cemitério da Trajinha. Por esse motivo ainda são visíveis algumas sepulturas de antigos habitantes da aldeia, no cemitério da Freguesia.
Cemitério:
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cemitério é o mesmo que necrópole ou sepulcrário.
O cemitério é o local onde sepultamos os restos mortais dos nossos familiares/amigos. Na sua maior parte, estes encontram-se associados a práticas religiosas.
Em muitas cidades existem cemitérios onde os ritos funerários são cumpridos de acordo com a respectiva religião.
Por analogia, chama-se cemitério um lugar onde se enterram ou acumulam produtos, tipicamente resíduos e detritos (por exemplo, cemitério de resíduos nucleares). É o mesmo que necrópole ou sepulcrário.
A palavra "cemitério" (do latim tardio coemeterium, derivado do grego κοιμητήριον [kimitírion], a partir do verbo κοιμάω [kimáo] "pôr a jazer" ou "fazer deitar") foi dada pelos primeiros cristãos aos terrenos destinados à sepultura de seus mortos. Os cemitérios ficavam geralmente longe das igrejas, fora dos muros da cidade: a prática do sepultamento nas igrejas e respectivos adros era desconhecida nos primeiros séculos da era cristã. A partir do séc. XVIII criou-se um sério problema com a falta de espaço para os enterramentos nos adros das igrejas ou mesmo nos limites da cidade; os esquifes se acumulavam, causando poluição e doenças mortais, o que tornava altamente insalubres as proximidades dos templos. Uma lei inglesa de 1855 veio regular os sepultamentos, passando estes a serem feitos fora do centro urbano. A prática da cremação, cada vez mais frequente, permitiu dar destino aos corpos de maneira mais compatível com as normas sanitárias.
Em muitas cidades existem cemitérios onde os ritos funerários são cumpridos de acordo com a respectiva religião (católica, protestante, judaica, islâmica) ou fraternidade (maçônica).
Não gosto de cemitérios, é inevitável a grande tristeza que sinto quando passo por um...é ali que tudo acaba...
ResponderEliminarBelo poema de Florbela Espanca, aliás como quase todos, porém dramáticos demais, tristes demais...
Bonita homenagem aos nossos entes queridos, aínda que estas fotos, ao saber que são as que estão nas campas me encham de ângustia.
Parabéns e mais uma vez obrigada Victor por nos trazeres um bocado da terra e a lembrança dos nossos familiares e amigos. Com eles cai a Trajinha
Bem Haja
Stela Pena
olá Sr. Vitor! Agradecia que colocasse os nomes das pessoas pois apesar de ja algumas serem antigas, ainda se conseguem recordar pelos nomes, como diz a minha mae que nasceu e viveu lá... e tambem que colocasse mais fotos entao do de Vila Franca do Deao das pessoas que eram da Trajinha!
ResponderEliminarCom os maiores cumprimentos,
Rute (Ferreira) Martins
muito obrigada! :D
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